Fotojornalismo e violência

Olhando os resultados do World Press Photo de 2006, sem dúvida que consigo ali encontrar fotos excepcionais. No entanto, há um prémio que me confunde e me faz pensar se não nos andarão a servir violência absolutamente gratuita. Trata-se do primeiro prémio da categoria Desporto em Acção.

O que tem de tão excepcional esta imagem? Pessoalmente acho-a brutal, tanto pelo embate e expressão da atleta como pela aridez da imagem propriamente dita. Se o momento exacto está lá, isso não me causa grande estranheza perante a quantidade de disparos sequenciais que, de forma a assegurar todos os momentos, são habitualmente feitos nestas circunstâncias.
Remetendo-me apenas às imagens a que tenho acesso, porque venceu esta e não a 3ª classificada?

De há uns anos a esta parte, e cada vez mais, os principais prémios de fotojornalismo encontram-se associados a imagens violentas ou relacionadas com acontecimentos brutais.Se por um lado é fundamental mostrar as agressões que alastram, seja sob a forma de catástrofes naturais, seja pela mão do Homem, por outro começa a parecer também necessário que nos expliquem o motivo de as escolhas recaírem maioritária e sistematicamente sobre as imagens mais agressivas, quer sob o ponto de vista físico quer sobre o psicológico, e nem sempre com qualidades técnicas e estéticas notórias.

A pergunta para a qual ainda não encontrei qualquer resposta é muito simples: qual o verdadeiro papel interventivo deste tipo de imagens na sociedade actual? Temo que estejamos a banalizar a violência.